sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

O Evangelho da Diversão


Existe um mal entre os que professam pertencer aos arraiais de Cristo, um mal
tão grosseiro em sua imprudência, que a maioria dos que possuem pouca visão espiritual dificilmente deixará de perceber. Durante as últimas décadas, esse mal tem se desenvolvido em proporções anormais. Tem agido como o fermento, até que toda a massa fique levedada. O diabo raramente criou algo mais perspicaz do que sugerir à igreja que sua missão consiste em prover entretenimento para as pessoas, tendo em vista ganhá-las para Cristo. A igreja abandonou a pregação ousada, como a dos puritanos; em seguida, ela gradualmente amenizou seu testemunho; depois, passou a aceitar e justificar as frivolidades que estavam em voga no mundo, e no passo seguinte, começou a tolerá-las em suas fronteiras; agora, a igreja as adotou sob o pretexto de ganhar as multidões.
Minha primeira contenção é esta: as Escrituras não afirmam, em nenhuma de
suas passagens, que prover entretenimento para as pessoas é uma função da
igreja. Se esta é uma obra cristã, por que o Senhor Jesus não falou sobre ela?
“Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Mc 16.15) — isso é bastante claro. Se Ele tivesse acrescentado: “E oferecei entretenimento para
aqueles que não gostam do evangelho”, assim teria acontecido. No entanto, tais palavras não se encontram na Bíblia. Sequer ocorreram à mente do Senhor Jesus.
E mais: “Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros
para evangelistas e outros para pastores e mestres” (Ef 4.11). Onde aparecem
nesse versículo os que providenciariam entretenimento? O Espírito Santo
silenciou a respeito deles. Os profetas foram perseguidos porque divertiam as
pessoas ou porque recusavam-se a fazê-lo? Os concertos de música não têm um rol de mártires.
Novamente, prover entretenimento está em direto antagonismo ao ensino e à
vida de Cristo e de seus apóstolos. Qual era a atitude da igreja em relação ao
mundo? “Vós sois o sal”, não o “docinho”, algo que o mundo desprezará.
Pungente e curta foi a afirmação de nosso Senhor: “Deixa aos mortos o sepultar os seus próprios mortos” (Lc 9.60). Ele estava falando com terrível seriedade!
Se Cristo houvesse introduzido mais elementos brilhantes e agradáveis em seu
ministério, teria sido mais popular em seus resultados, porque seus ensinos eram perscrutadores. Não O vejo dizendo: “Pedro, vá atrás do povo e diga-lhe que teremos um culto diferente amanhã, algo atraente e breve, com pouca pregação.
Teremos uma noite agradável para as pessoas. Diga-lhes que com certeza
realizaremos esse tipo de culto. Vá logo, Pedro, temos de ganhar as pessoas de alguma maneira!” Jesus teve compaixão dos pecadores, lamentou e chorou por eles, mas nunca procurou diverti-los. Em vão, pesquisaremos as cartas do Novo Testamento a fim de encontrar qualquer indício de um evangelho de
entretenimento. A mensagem das cartas é: “Retirai-vos, separai-vos e purificai vos!”
Qualquer coisa que tinha a aparência de brincadeira evidentemente foi
deixado fora das cartas. Os apóstolos tinham confiança irrestrita no evangelho e não utilizavam outros instrumentos. Depois que Pedro e João foram encarcerados por pregarem o evangelho, a igreja se reuniu para orar, mas não suplicaram:
“Senhor, concede aos teus servos que, por meio do prudente e discriminado uso da recreação legítima, mostremos a essas pessoas quão felizes nós somos”. Eles não pararam de pregar a Cristo, por isso não tinham tempo para arranjar
entretenimento para seus ouvintes. Espalhados por causa da perseguição, foram a muitos lugares pregando o evangelho. Eles “transtornaram o mundo”. Essa é a única diferença! Senhor, limpe a igreja de todo o lixo e baboseira que o diabo impôs sobre ela e traga-nos de volta aos métodos dos apóstolos.
Por último, a missão de prover entretenimento falha em conseguir os resultados desejados. Causa danos entre os novos convertidos. Permitam que falem os negligentes e zombadores, que foram alcançados por um evangelho parcial; que falem os cansados e oprimidos que buscaram paz através de um concerto musical. Levante-se e fale o alcoólatra para quem o entretenimento na forma de drama foi um elo no processo de sua conversão! A resposta é óbvia: a missão de prover entretenimento não produz convertidos verdadeiros. A necessidade atual para o ministro do evangelho é uma instrução bíblica fiel, bem como ardente espiritualidade; uma resulta da outra, assim como o fruto procede da raiz. A necessidade de nossa época é a doutrina bíblica, entendida e experimentada de tal modo, que produz devoção verdadeira no íntimo dos convertidos.

Extraído da mensagem  Alimentando as Ovelhas ou Divertindo os Bodes? de
Charles H. Spurgeon

3 comentários:

  1. navegava eu a procura de blogs sobre escatologia bíblica, quando entrei nessa página!Sabe, gente, a cada dia eu me certifico de que estamos presenciando o período da apostasia. E isso é coisa séria! diz respeito a mim e a voce também, que deve estar vigilante para não ser pego de surpresa pela Vinda de nosso Senhor.O Espírito Santo tem falado, mas são poucos os que tem identificado a Sua voz...a cada dia surge uma modinha nova no meio evangélico.Ser evangelico virou religião! é só a gente reparar em como algumas denominações estão indo...- de mal a pior, seduzidos pelo engano da Serpente.Está na hora de darmos um basta nisso tudo e pregarmos o Evangelho genuíno de Jesus. Jesus deu uma ordem- vamos cumpri-la!.

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  2. maravilhosa e esclarecedora a matéria sobre "o evangelho da diversão" é a triste realidade que vem a comprovar o estado de apostasia das igrejas.Sejamos "bocas de Deus nessa terra, a fim de refutar todo o engano de satanás.Oremos pelas lideranças para que Deus desperte -os desse sono espiritual.afinal nós somos a igreja!

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  3. É pedir demais pra esses pregadores pregarem somente o Evangelho?

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